terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Por que não nos lembramos de outras vidas?




O esquecimento das vidas passadas é uma realidade no processo de reencarnação. Realidade justa e necessária, diga-se de passagem, como não poderia ser diferente, já que vem de Deus. Mas então podemos inquirir: não seria melhor se lembrássemos de tudo para então saber o porquê de certas coisas que nos acontecem agora? Para termos uma melhor visão geral das coisas e assim buscarmos nossa reforma íntima? Certamente isso poderia ser útil para alguns, a saber: a minoria composta por aqueles de moral elevada e sempre prontos para perdoar seus inimigos. Como a maior parte da humanidade não se encontra - nem nunca se encontrou - nesse estágio de evolução moral, o esquecimento é mais uma bênção de Deus para conosco.

Todos temos erros passados a serem corrigidos, pessoas por nós derrubadas e humilhadas em outras encarnações que agora devemos ajudar a se erguerem do abismo em que a empurramos. Tais pessoas podem ser agora nossos pais, irmãos, tios, primos, vizinhos, colegas de trabalho, não se sabe. Mas como reagiríamos se, ao vermos um filho nosso nascer, reconhecêssemos nele a pessoa de um carrasco em uma vida passada? Alguém que nos arruinou completamente aquela vida! Iríamos dar a ele todo o nosso amor? Iríamos estar sempre prontos a atender o seu choro durante a noite depois de tudo o que ele nos fez?
O véu lançado sobre esses acontecimentos anteriores é uma ajuda da misericórdia divina que nos coloca em uma posição favorável à reconciliação com nosso próximo. Criando aquela criança desde pequena aprenderemos a amá-la, não mais importando o mal que ela nos causou em outras vidas. E esse amor que lhe devotarmos fará com que também ela nos dedique seu amor e o passado sombrio seja finalmente deixado para trás.

Sem esse esquecimento a vida poderia ser quase impraticável devido ao nosso baixo nível de fraternidade uns para com os outros:
. Imagine os senhores de engenho reencarnando em um local onde estejam alguns de seus antigos escravos.
. Imagine judeus - vítimas do holocausto - encarnando junto a nazistas que foram seus algozes ou de seus familiares.
. Imaginemos, acima de tudo, tempos sombrios da humanidade, como a idade média, onde tanta maldade fora feita de forma totalmente gratuita e legalizada.

Sem o lançamento desse límpido véu sobre nossas vidas anteriores o mundo correria um altíssimo risco de se afundar em um círculo vicioso de ódio recíproco entre os homens.

Temos que ter em mente que a existência espiritual da alma é a sua existência normal. As existências corpóreas não são senão intervalos, cuja soma iguala apenas uma parte mínima da existência normal.
Vale lembrar ainda que tal esquecimento não é definitivo. O espírito desencarnado pode sim lembrar - desde que julgue útil e de acordo com a sua evolução moral adquirida - de acontecimentos de vidas passadas, sejam quais forem; isso o auxilia, inclusive, na sua preparação para uma nova encarnação. Além disso, uma nova encarnação não faz de uma pessoa um novo ser. Apenas o corpo muda, sendo o espírito o mesmo, com o seu caráter moral e intelectualidade particulares, guardando assim todos os seus instintos e pré-disposições, sejam boas ou ruins.

Nenhum comentário: