segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Oranian

I

"Orànmíyàn (Oranian) foi o filho mais novo de Odùduà e tornou-se o mais poderoso de todos eles; aquele cuja fama era a maior em toda a nação iorubá. Tornou-se famoso como caçador desde a juventude e, em seguida, pelas grandes, numerosas e proveitosas conquistas que realizou ." Foi o fundador do reino de Oyó. Uma de suas mulheres, Torosí (Torosi), filha de Elémpe, o rei da nação Tapá (ou Nupê), foi a mãe de Xangô, que, mais tarde, subiu ao trono de Oyó...

Oranian foi concebido em condições muito singulares, que sem dúvida, espantariam os geneticistas modernos. Uma lenda relata como Ogum, durante uma de suas expedições guerreiras, conquistou a cidade de Ogotún, saqueou-a e trouxe um espólio importante. Uma prisioneira de rara beleza chamada Lakanjê agradou-lhe tanto que ele não respeitou sua virtude. Mais tarde, quando Odùduà, pai de Ogum, a viu, ficou perturbado, desejou-a por sua vez e fez dela uma de suas mulheres. Ogum, amedrontado, não ousou revelar a seu pai o que se passara entre ele e a bela prisioneira. Nove meses mais tarde, Oranian nascia. O seu corpo era verticalmente dividido em duas cores. Era preto de um lado, pois Ogum tinha a pele escura, e branco do outro, como Odùduà, que tinha a pele muito clara..

II

"No começo a terra não existia, acima era o céu e abaixo era água e nenhum ser animava nem o céu nem a água. O todo poderoso Olodumaré, senhor e pai de todas as coisas, criou inicialmente sete príncipes coroados, em seguida, sete sacos onde havia búzios, tecidos, frutas e outras riquezas. Criou uma galinha e vinte e uma barras de ferro. Criando dentro de um saco negro, um pacote volumoso de uma substância desconhecida e, finalmente, uma corrente de ferro muito comprida, na qual prendeu esses tesouros e aos sete príncipes, deixando cair tudo desde o alto do céu. No limite do vazio havia só água.

Olodumaré do alto da sua morada divina, atirou uma semente que caiu na água, e logo uma enorme palmeira cresceu até aos príncipes, oferecendo um abrigo grande e seguro entre as suas palmas; os príncipes refugiaram-se aí e instalaram as suas bagagens.

Eram todos príncipes coroados e portanto todos queriam comandar. Como não chegaram a um acordo resolveram separar-se, sendo os nomes dos sete príncipes: OLOWU, que se tornou rei de Egba; ONISABE, que foi rei de Save; ORANGUN, que foi rei de Ila; OONI, rei de Ifá; AJERO, rei de Ijero; ALAKETU, rei de Keto; o mais jovem, ORANMIYAN que foi rei de Oyo. Antes de se separarem para seguir os seus destinos, os príncipes decidiram repartir entre eles a totalidade dos tesouros e as provisões que o todo poderoso lhes havia dado. Os seis mais velhos tomaram os búzios, pérolas, tecidos e tudo o que julgaram precioso ou bom para comer, deixando para o mais jovem o pacote de pano negro, as vinte e uma barras de ferro, e a galinha. Partindo os seis príncipes à descoberta das folhas da palmeira, Oranian ficou só, desejoso de ver o que continha o pacote de pano negro, abriu-o e encontrou uma porção de substância negra e desconhecida. Sacudindo o pano, a substância negra caiu na água, não desaparecendo, formando um montículo. A galinha voou para cima dele, e começou a esgravatar o montículo que se foi espalhando, ocupando o lugar da água, tendo assim nascido a terra. Oranian apressou-se a descer ao seu domínio, assim formado pela substância negra formando a terra e tomou posse da mesma. Por sua vez os seis príncipes desceram da palmeira, quiseram tomar a terra de Oranian, como já haviam tomado, na palmeira, a sua parte dos búzios, das sementes, dos alimentos, e dos tecidos.

Mas Oranian tinha armas. Suas vinte e uma barras de ferro se converteram em lanças, dardos, flechas, y na sua mão direita brandia uma larga espada e disse-lhes: "Esta terra é só minha. Lá em cima, quando me roubaram, vocês me deixaram apenas esta terra e este ferro. A terra cresceu e o ferro também. Com eles defenderei esta terra, vou matar a todos vós. Os príncipes pediam clemência, atirando-se aos pés de Oranian suplicantes, pediram que ele cedesse uma parte da sua terra para poder viver e continuarem a ser príncipes. Oranian concedeu-lhes a vida e deu-lhes uma parte da terra, exigindo apenas uma condição: que esses príncipes e seus descendentes deveriam permanecer sempre e os descendentes dos mesmos deveriam todos os anos render homenagem e pagar os impostos na sua cidade principal, para demostrar e recordar que ele havia tido condescendência com as suas vidas na sua parte da terra. Foi assim que Oranian se tornou rei de Oyo e soberano da nação Yoruba, isto é sobre toda a terra. Por fim Ife reinvindica a preponderância sobre Oyo, já que em Ife está guardado o sabre de Oranian, chamado sabre da "justiça" que os reis de Oyo devem segurar nas suas mãos durante as cerimónias de entronização, para garantir a sua futura autoridade. Encontram-se em Ife duas outras relíquias de Oranian: um grande monólito "OPA ORANMIYAN", seu bastão de comando na guerra e uma grande pedra em forma de laje "ASA ORANMIYAN", seu escudo.

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